sexta-feira, 11 de julho de 2008

O amor romântico

Chamem de trauma, covardia ou o que for, mas fato é: eu tenho medo do AMOR.

Existe um consenso sobre a grandeza desse sentimento e, em função dela, freqüentemente, atribuí-se ao amor o monopólio do sentido da vida. Por isso julgam-se infelizes aqueles que não se casam, aqueles que rompem relacionamentos duradouros, aqueles que não conseguem passar o DNA adiante através de filhos ou aqueles ranzinzas, que não estabelecem relações interpessoais concretas. Por isso também são tão famosos os escritos da escola literária Romantismo: eles são a concretização do ideal do AMOR enquanto razão de existência, é ele quem dá o colorido a natureza, o pulso ao coração, a movimentação ao cabelo da amada, a possibilidade da felicidade eterna. Sem o amor, nada mais justo que definhar pouco a pouco ou mesmo dar cabo à vida. Romeu, maior história de amor da literatura ocidental, por exemplo, não pensou duas vezes em se envenenar quando se deparou com o amor de sua vida, Julieta, morta.

Outra característica do AMOR é que ele nos deixa vulnerável. E não estou falando da “simples” entrega de si para outrem. Falo da ausência de controle sobre as situações, em conseqüência desse sentimento. Bem se vê isto a partir de Julieta, que foi capaz de alimentar um sentimento por Romeu, mesmo sabendo que ele representava o inimigo. E, teoricamente, ELA NÃO TEVE ESCOLHAS. Ela o amava, e, por isso, não tinha controle sobre suas ações e sentimentos.
Eu tenho medo do AMOR porque não quero ficar refém de um único sentimento para dar sentido a minha existência. A vida pode ser vivida e experimentada por inúmero outros sentimentos e eu quero a chance de escolher pessoalmente aquele(s) que realmente a faz(em) valer a pena.

Também não quero perder o controle sobre minhas escolhas em função do AMOR. Não quero um sentimento que me consuma tanto que impeça que outros sentimentos se manifestem ou se desenvolvam. Tenho amigas que se fecham quando namoram e eu sinceramente entendo que elas estão curtindo, amando e etc. Estando de fora da situação, peço a todas as outras amigas que puxem minha orelha caso faça a mesma coisa quando namorar, mas meu maior medo é, estando dentro da mesma situação, optar por, em nome desse tal de AMOR, colocá-las em segundo ou terceiro plano, e ainda achar que estou fazendo as melhores escolhas para mim.

Eu não! Quero um AMOR INVENTADO para mim. Grande que nem o original, mas não fulfilling; incentivador de aventuras e loucuras, mas não supressor da razão; e, sobretudo, humilde o suficiente para permitir a coexistência de outros amores e sentimentos ou garantir sua renuncia, quando for a melhor opção a ser tomada.

4 comentários:

Erika Ramos disse...

Se você conseguir me manda a receita?

Pri disse...

O amor é cruel ... Ele usa o melhor sorriso, a melhor frase, o abraço mais quente. É um covarde. Joga sujo.

:)

Fábio Shiraga disse...

Belíssimo raciocíonio. E o foda é bem isso, de que a razão é o oposto da emoção e eu acho suuuuper difícil encontrar boas medidas para ambos.
Mas isso tá lindo na teoria.

Danilo Sousa disse...

O medo faz parte da vida de toda pessoa e trata-se de um instinto de sobrevivência.

;*