sábado, 28 de junho de 2008

Planos para Julho/2008

1- Ler biografia do Tim Maia (amo);
2- Grey's Anatomy;
3- Churrasco (uma vez por semana);
4- Assistir “Clube da Luta” e “Closer” pela enésima vez (perfeitos!)
5- Ler pequeno príncipe pra minha irmã;
6- Zoológico e Hopi Hari;
7- Descobrir uma locadora com muitos clássicos e filmes europeus e devorá-los;
8- praticar francês;
9- Banheira de Hidromassagem, Piscina e Sauna;
10- Escrever cartas;
11- Dormir Bastante;
12- Fugir de casa no meio da madrugada só para ir para Montauk;
13- Jogar Mau-mau (e, preferencialmente, não perder);
14- Praticar outras fugas;
15 - Aprender a fazer sites, para mudar esse layout creepy;
16- Devorar Versos Satânicos (adoro metáforas!);
17- Assistir “The Wild”, “Sobre café e cigarros” e “Sunset Boulevard”
18- Passar o dia de pijama;
19-
20-

De repente ser feliz pareceu tão fácil e acessível...

terça-feira, 24 de junho de 2008

Origem do Sexismo

Passadas onze horas da noite e recebo um link no gtalk. Ele levava a um artigo no Scielo que defendia que, Lilith, a primeira mulher de Adão (também fiquei chocada!) representa a primeira reação feminina ao domínio masculino. Ainda não li o texto, mas fiquei curiosa. Primeiramente para saber de onde saiu essa mulher que a tradição católica me negou o conhecimento. Depois, e mais interessante, a amiga que enviou o link indagou: quando é começou a submissão feminina?

O que eu gosto dessas conversas é justamente aquilo que faz a maioria detestá-las: não levam a lugar nenhum. Mas quem disse que a gente precisa sempre estar fazendo alguma coisa para algum fim?

Estamos há pelo menos 25 minutos conversando e desde então já descartamos minha hipótese (comédia) de que a mulher se submeteu primeiramente na pré-história quando viu um urso e fingiu medinho (por preguiça de combatê-lo), desde então ganhou um companheiro caçador e protetor; em seguida concordamos de que na pré-história não poderia haver manhas e mimos pois a maior preocupação era com a sobrevivência e não com a existência; depois levantamos a hipótese de mimetismo humano com relação ao comportamento animal. Também viajamos além e paramos na idade média. Com direito a falar sobre o conceito de razão na Grécia antiga, e tudo.

No momento o papo se resume a assuntos cotidianos e está nas últimas. Mas os assuntos anteriormente abordados não morrerão com o fim da conversa. Acho que o próprio fato de não deixarem uma conclusão permite que a gente siga pensando sobre os diversos pontos levantados. Por exemplo, me conhecendo como eu conheço, garanto que não sossego enquanto não arranjar uma marco histórico plausível para o surgimento da dominação masculina. Aceito sugestões de bom gosto, caso contrário farão alguém que se considera pelo menos um pouco feminista TREMER (de raiva!).

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Cada um sabe a dor e delícia de ser o que é.

Acabei de receber um elogio que me convenceu que não sou tão errada assim. Me encheu de satisfação pessoal, devolveu força aos meus objetivos e me deu esperança quanto a viabilidade de mudanças.

Outra pessoa tivesse feito as mesmas colocações, tudo teria mudado. Por isso, meu sincero obrigado pelo seu amor incondicional e pela fé em minha pessoa. É recíproco, a minha maneira.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Do porque eu não gosto de futebol...

Quarta-feira a noite, poderia estar estudando, como deveria. Mas estou sem saco! E na TV está rolando amistoso com a seleção brasileira. Não assistiria se tivesse qualquer coisa mais interessante rolando (adoraria estar assistindo a um bom filme ou Grey’s Anatomy, por exemplo), mas não tem e tenho que me conformar. Logo no começo do jogo eu me dou conta que é o Galvão Bueno narrando. AFF DEUS! Falta de opção é uma coisa, né? Mas prossigo...

Mais alguns minutos rolam. Eu, que não estava prestando grande atenção, não sei como o Robinho conseguiu chegar à grande área sozinho. Acontece que ele chegou. Nesse momento, eram só ele, o goleiro e o gol livre. Robinho optou por driblá-lo e alcançar a melhor posição para chutar ao gol. No meio tempo que durou o embate entre os dois, o goleiro puxou (a meu ver, levemente) a camisa do primeiro. Isso não afetou em nada o desempenho do Robinho. Acontece que quando ele se livrou do goleiro, já haviam chegado outros jogadores argentinos, e contra eles, nosso jogador não teve o mesmo sucesso.

Tudo não passaria de uma situação normal, se o Galvão Bueno tivesse mantido sua boca fechada. Como ele deve ganhar por palavra falada, ele logo foi pensando em alternativas de ação que poderiam ter transformado o ataque do Robinho em GGGGGoooooooooooooooooooooooooOOOOOOOOOOOOOOOOLLLL!!!!! Uma delas foi utilizar-se estrategicamente daquele puxão de camisa para cravar um pênalti favorável ao Brasil. A sugestão do Galvão então foi que o Robinho tivesse se jogado no chão.

Incitar a malandragem em rede nacional para mim é demais. E ainda chegou ao cúmulo, no final do primeiro tempo, de um repórter perguntar ao jogador em questão o porquê de ele não ter se jogado. A resposta dele não poderia ser outra: “Não cabia eu me jogar naquela situação”. Acontece que frequentemente é. Assim como Galvão, muitas pessoas, inclusive jogadoras profissionais de futebol, pensam e agem como malandrinhos, se aproveitando daquilo que consideram oportunidade.

Para mim pênalti é outra coisa: são aquelas entradas brutais, nas quais os jogadores voam, se machucam, ou coisa parecida. Mas eu não entendo (e, se bobear, faço pouca questão de entender) de futebol e pênalti pode ser outras coisas também.

Daí entro na questão do porque não gosto de futebol. Não aceito que o time que jogou melhor tenha um resultado desfavorável. Também não aceito que um time vença porque tenha feito uma malandragem e tenha conseguido um pênalti quando não foi, ou um escanteio que não era pra ser, e assim por diante.

Não conseguiria sustentar uma vitória num gol feito por sorte, ou por malandragem. Nem conseguiria acompanhar um time que se sustenta mais na tradição que na competência. Mas essa sou eu...

terça-feira, 17 de junho de 2008

A vida é cheia de som e fúria...

A música definitivamente tem um peso incrível na minha vida. Se nesse momento tivesse que escolher uma para definir meu estado de espírito, definitivamente ela seria Space Oddity, do David Bowie. Não só a letra se encaixa perfeitamente em uma situação na qual estou vivendo, como a melodia me conforta e acalenta.

Há também as músicas de fuga. Nelas me refugio sempre que quero viver outras coisas...Quando ouço Downtown, de Petula Clark, me transporto para ruas nova yorkinas fictícias, nas quais tudo são luzes, novidades e preenchimento existencial. Se estou meio ansiosa, opto logo para a voz sedutora e inebriante de Billie Holliday e quando vejo estou “Smoking, drinking, never thinking of tomorrow”...

Falando em sedução, também tem aquelas músicas capazes de dar um gás imenso em minha auto-estima, me transformando na mais sexxxy das mulheres. São elas: Fever, na voz da Ella Fitzgerald; A história de Lily Braun, na voz da Gal; Whatever Lola Wants, da Sarah Vaughan; Smile e Everyone is in love with you, do David Byrne; e outras mil.

Não posso me esquecer da minha música predileta, que sempre se encaixa em qualquer dos meus incontáveis humores: Under Pressure, do Queen.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Metáforas

Assim como algumas brincadeiras (há quem acredite que todas brincadeiras), as metáforas escondem verdades. O objetivo das últimas é passar um conteúdo através de uma comparação implícita, numa apelo estilístico ou em nome de uma explanação mais clara e ilustrativa.

Entretanto, também como as brincadeiras, as metáforas nem sempre são entendidas. Fico me perguntando como as pessoas não conseguiram ver que o livro “A metamorfose”, de Franz Kafka, era uma grande metáfora das relações humanas. Pessoalmente, conforme eu lia a obra eu não conseguia deixar de pensar num tio que, conforme foi se tornando problemático, foi sendo gradativamente abandonado pela família, como se ele tivesse se tornando o próprio bicho kafkaniano.

Outra metáfora bastante expressiva para mim (segue abaixo) foi extraída do livro “Ave, palavra”, de Guimarães Rosa. Ela demonstra que as escolhas pautadas em valores morais considerados “corretos” nem sempre são isentas de conseqüências ruins e que a opção pela omissão, em alguns casos, pode não ser reprovável. Ele mostra o quão difícil é o processo de tomada de decisões e quantas dimensões ele engloba. Tudo isso numa reflexão dramática e provocativa.

Zôo
Uma cascavel, nas encolhas*. Sua massa infame.
Crime: prenderam, na gaiola da cascavel, um ratinho branco. O pobrinho se comprime num dos cantos do alto da parede de tela, no lugar mais longe que pôde. Olha para fora, transido, arrepiado, não ousando choramingar. Periodicamente, treme. A cobra ainda dorme.
Meu Deus, que pelo menos a morte do ratinho branco seja instantânea!
Tenho de subornar um guarda, para que liberte o ratinho branco da jaula da cascavel. Talvez ainda não seja tarde.
Mas, ainda que eu salve o ratinho branco, outro terá de morrer em seu lugar. E, deste outro, terei sido eu o culpado.
(*) nas encolhas: retraída, imóvel.
(Fragmentos extraídos de "Ave, palavra", de Guimarães Rosa)

sábado, 14 de junho de 2008

Gênese...

Alguns esclarecimentos antes de tudo que está para vir:
1) Não acredito em verdade universal. Mas acredito na minha, porque a sinto, e tento não ignorar a dos outros.
2) Não pretendo ser didática. Escrevo para desabafar, praticar essa arte e divulgar meus pensamentos; e não para criar discípulos.
3) Não me admire! Eu não sou eu. Sou apenas uma colecionadora bem sucedida de almas.









O primeiro post:

Primeiro começou com a instituição família, em seguida com os laços de parentesco, depois com as instituições escrita e escola; quando eu nasci, já haviam mil coleiras em forma de instituição. Tudo teria sido mais fácil se eu não fosse tão resistente ao adestramento convencional, mas isso não significa que eu não seja adestrada: para os teimosos têm sempre os planos B e C.

O Plano B tem duas linhas de atuação: a primeira consiste na disseminação da idéia de que você nunca desenvolve seu potencial humano quando vive sozinho. Quantas coisas conquistaram os homens pré-históricos? Frequentemente só o suficiente para eles viverem, o que já seria suficiente, se não fosse aquém do nosso potencial. Pois bem, eles se juntaram, e hoje temos carros, temos superprodução de produtos e de informações, temos globalização e estamos a beira de descobrir outras formas de vida interplanetárias...Em suma, o trade-off é esse: você sozinho, conseguindo o mínimo para viver, ou você em grupo, e o céu é o limite? A segunda vertente do plano B atua na marginalização do individuo que resiste em se encaixar aos moldes convencionais. Você não consegue criar laços identitários com outros grupos porque não possui coisas em comum com a gente comum. Pelo mesmo motivo, as pessoas do grupo não te reconhecem como parte dele. Como existe essa incompatibilidade mútua, você, o marginal, para não abaixar sua auto-estima por não fazer parte do grupo (num mundo no qual tudo gira em torno de grupos), acaba criando ou potencializando os defeitos daquele espaço afim de minimizar sua culpa por não participar deles. Os grupos, por sua vez, para afirmarem uma série de características que possuem e que unem seus membros, rechaçam as diferenças, como se a diferença representasse uma ameaça aquele modus vivendis. A finalidade desse plano é fazer com que os marginais repensem sua posição, optando por ignorar suas diferenças e criando, artificialmente, características que os aproximem destes grupos.

O Plano C é para aqueles que mantém seus posicionamentos, mesmo depois da investida do plano B. Para estes, são criados grupos que se enquadrem a seus perfis. Acontece que esses grupos se encontram também a margem. As pessoas aí experimentam a sensação de fazer parte de algo, mas não conseguem interagir com os outros grupos.

Já passei pelos planos B e C. Sou diferente! E “a mim” foram dados uma série de grupos com os quais me identifico: mulheres libertárias (com ressalvas), adoradores de filmes asiáticos, das pessoas que não sabem qual seu veredicto sobre a existência ou não de deus (e nem se importam com isso), entre outros.

No princípio, foi muito bom encontrar pessoas como a gente. Saber que alguém compartilhava dos meus sentimentos e ideais. Saber que não estava sozinha! Depois foi desesperança. Reconhecer meu pertencimento a estes grupos é saber que o controle social adentra todas dimensões da vida e que contra ele não há nada que se possa fazer. Reconhecer que não fui adestrada do modo convencional é uma vitória pessoal, mas saber que ainda sim fui adestrada, é angustiante.

Me desespera saber que agora as mesmas coisas que eu vou notar num filme como “A Maça” serão comuns a outras pessoas, não porque elas também acham isso, mas porque sofremos o mesmo processo de adestramento. Me desespera ainda mais saber que agora, enquanto grupo, temos um rótulo a defender e que isso provocará constrangimentos a pessoas, que para fazer parte do nosso grupo serão capazes de mentir e de se anularem. Os primeiros versos da música “Circo Místico” de composição de Chico Buarque são bem ilustrativos nesse sentido: “Não/ Não sei se é um truque banal/ Se um invisível cordão/ Sustenta a vida real”. Somos marionetes sim, e até o “vilão” é.

E o que me mais me desconsola nessa história toda é que não consigo reconhecer nada em mim que seja genuinamente meu! Minha visão de mundo e alguns sentidos físicos (paladar e visão, por exemplo) são resultados do meu pertencimento transversal a grupos (social, econômico e cultural, por exemplo). E até o modo como eu guardo (e dou) amor para as pessoas foi socialmente criado.